Já foi o tempo em que Portugal era conhecido apenas como o país produtor do melhor azeite do mundo. Nossos amigos lusitanos tornaram-se exportadores de produtos com alto valor agregado e um dos maiores hubs de inovação da Europa. Grande parte desse desenvolvimento se deve à impressionante recuperação econômica que o país registrou a partir de 2014 e, com essa posição, espera atrair investimentos estrangeiros.
O governo português se recuperou da crise econômica de 2009 que assolou o país por meio de políticas de incentivo ao setor privado, ao consumo e ao investimento estrangeiro, estratégias que rapidamente se refletiram nos indicadores econômicos e sociais do país.
“A taxa de desemprego de Portugal caiu de 16% para 7% entre 2013 e 2019”, lembrou o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp e do Ciesp, Thomaz Zanotto, durante a abertura do seminário A evolução da economia portuguesa, quinto evento voltado para a internacionalização de empresas organizado pela Fiesp desde 2019.
“Desde a criação do euro, conseguimos crescer por quatro anos consecutivamente”, complementou o secretário de Estado adjunto e da Economia de Portugal, João Correia Neves, em uma clara manifestação de orgulho. “Crescemos mais que a média dos Estados membros da zona do euro e da União Europeia”, sublinhou.
Nos últimos quatro anos, o elevado dinamismo da corrente de comércio portuguesa permitiu que as exportações do país abrangessem uma parcela equivalente a 44,1% do seu PIB, em 2018. Bom para Portugal, nem tanto para o Brasil e o Mercosul. Apesar das estatísticas positivas, o volume de comércio entre Portugal e o bloco do Cone Sul ainda está aquém do seu potencial.
De acordo com levantamento apresentado por Neves, as trocas de bens transacionais entre Portugal e Mercosul registraram 949 bilhões de euros em exportações e 1,26 bilhão de euros em importações. Volume considerável, mas com capacidade para ser potencializado.
“Temos espaço para melhorar”, alertou o secretário de Estado adjunto e da Economia de Portugal. “Temos de criar todas as condições para aproveitar da melhor forma possível um acordo entre União Europeia e Mercosul”, afirmou.
Enquanto o tratado entre os dois blocos aguarda por sua fase de execução, Portugal continua se valendo de sua posição e condição privilegiadas para atrair investimentos estrangeiros. Com projetos voltados para pequenas empresas, o país aproveita o que de melhor a União Europeia tem a oferecer para atrair empreendedores.
“As empresas que estão em Portugal se beneficiam dos programas e dos fundos europeus extensíveis a todos os Estados membros, permitindo integração econômica e criando oportunidades para os investidores estrangeiros em Portugal”, ressaltou Paulo Jorge Nascimento, cônsul-geral de Portugal no Brasil. “Além disso, as redes transeuropeias permitem que os empresários que se estabelecem em Portugal coloquem seus produtos e serviços em todo o território europeu”, observou.
A esse conjunto de vantagens, somam-se ainda a cobrança de tributos, abaixo da média para os países da região, e a mão de obra, barata e qualificada, resultantes dos grandes investimentos realizados em centros de competência de engenharia e tecnologia por todo o país.
Todos esses fatores ajudam a explicar como Portugal conseguiu atrair um volume de investimentos diretos estrangeiros tão significativo nos últimos anos – em 2019, foram 143 milhões de euros, o equivalente a 68,4% do PIB português – e se tornar uma potência arrojada em toda a Europa.
De acordo com dados apresentados pela delegação portuguesa, em apenas quatro anos, as atividades de pesquisa e desenvolvimento cresceram 26% no país, refletindo clara disposição dos empresários portugueses em apostar em inovação. No total, há 3.214 startups em incubação no país e 24 mil trabalhadores que fazem a máquina rodar, números que fazem de Portugal, segundo o European Innovation Scoreboard, o 13º país mais moderno na Europa e o mais inovador no âmbito das pequenas e médias empresas.
Fonte: Comex