Em comunicado oficial, a Boeing anunciou neste sábado (25) que rescindiu o Contrato de Transações Mestre (Master Transaction Agreement) com a Embraer pelo qual as empresas buscavam “estabelecer um novo patamar de parceria estratégica”.
As partes planejavam criar uma joint venture composta pelo negócio de aviação comercial da Embraer e uma segunda joint venture para desenvolver novos mercados para a aeronave de transporte aéreo médio e mobilidade C-390 Millenium.
Segundo o acordo, assinado em janeiro de 2019, o dia 24 de abril de 2020 era a data limite inicial para a rescisão, passível de extensão por qualquer uma das partes caso algumas condições não fossem cumpridas.
A Boeing informou que exerceu seu direito de rescindir “após a Embraer não ter atendido as condições necessárias”.
“A Boeing trabalhou diligentemente nos últimos dois anos para concluir a transação com a Embraer. Há vários meses temos mantido negociações produtivas a respeito de condições do contrato que não foram atendidas, mas em última instância, essas negociações não foram bem-sucedidas. O objetivo de todos nós era resolver as pendências até a data de rescisão inicial, o que não aconteceu”, disse Marc Allen, presidente da Boeing para a parceria com a Embraer e operações do Grupo.
“É uma decepção profunda. Entretanto, chegamos a um ponto em que continuar negociando dentro do escopo do acordo não irá solucionar as questões pendentes”, completou o executivo.
A parceria proposta entre a Boeing e a Embraer havia recebido aprovação incondicional de todas as autoridades regulatórias, exceto da Comissão Europeia.
Segundo a Boeing, as duas fabricantes irão manter o contrato vigente relativo à comercialização e manutenção conjunta da aeronave militar C-390 Millenium, assinado em 2012 e ampliado em 2016.
Procurada, a Embraer ainda não comentou.
Em sua página numa rede social, o prefeito de São José dos Campos, Felicio Ramuth (PSDB), lamentou a rescisão do acordo.
“Em meio à crise e a Pandemia Mundial Boeing desiste de comprar Embraer. Vitória para todos aqueles que torciam contra esta parceria, PT, PSTU, Sindicato dos Metalúrgicos etc.... Na minha opinião uma péssima notícia para cidade. Boeing rescinde acordo comprar área da aviação comercial da Embraer”.
Em nota, o Sindicato dos Metalúrgicos criticou o acordo e celebrou a rescisão.
“O cancelamento da compra da Embraer pela norte-americana Boeing é uma reviravolta em uma transação marcada, desde o seu início, pelo desprezo aos interesses nacionais e dos trabalhadores da empresa brasileira”.