O protótipo é resultado do trabalho de pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da USP
Uma equipe multidisciplinar da Escola Politécnica (Poli) da USP desenvolveu o projeto de um ventilador pulmonar emergencial para suprir a possível demanda do aparelho hospitalar devido à pandemia do COVID-19.
O protótipo batizado com o nome INSPIRE é um ventilador pulmonar aberto de baixo custo, produzido totalmente com tecnologia nacional, e que se utiliza de componentes amplamente disponíveis no mercado brasileiro.
“O motivo de se desenvolver este tipo de ventilador de pulmão emergencial parte de algumas premissas. Uma delas é que a cadeia de produção instalada deste tipo de equipamento talvez não consiga aumentar sua produção para a demanda da população brasileira nas próximas semanas. Seria necessário ter um equipamento que pudesse atender a população que ficaria desassistida neste caso”, explica o professor Raul González Lima, especialista em Engenharia Biomédica e um dos coordenadores do projeto.
Um dos motivos para a cadeia de produção instalada não conseguir se desenvolver rápido o suficiente seria a dificuldade de importação desses componentes. “Nem todos estão em estoque na quantidade necessária. Os componentes podem não chegar a tempo para fazer essa produção”.
Outra premissa considerada pela equipe é de que possivelmente faltarão linhas de ar comprimido nos leitos de hospital, o que torna necessário o bombeamento de ar para o paciente, na hipótese da indisponibilidade. “É uma demanda crítica e pontual, e depois essa tecnologia pode ser usada em áreas remotas, em que um hospital não esteja próximo”.
O desenvolvimento de protótipo está concluído, embora continue em constante aprimoramento, e o projeto passou para a fase de produção, em que será estabelecida a cadeia de suprimentos. “Também tentamos evitar peças que tivessem que ser desenvolvidas, ou seja, utilizamos peças que já existem em linhas de produção”, detalha o docente.
Lima defende que existe uma indústria instalada que o Brasil precisa proteger e ampliar. “Nós gostaríamos que a indústria nacional se desenvolvesse e exportasse as tecnologias que possuem para muitos países. Nosso objetivo é criar uma resposta rápida para uma crise provável”.
Custos e replicação
Enquanto um respirador convencional no mercado tem um preço mínimo de cerca de R$ 15 mil, o projeto da Poli permitirá produzir o equipamento a um valor em torno de R$ 1 mil. “Por suas características, o projeto irá viabilizar a construção de alguns milhares de ventiladores a partir de três semanas e ter milhares produzidos em cinco semanas”, afirmou Lima em entrevista ao Jornal da USP.
O projeto tem licença open source, ou seja, é aberto para utilização pelos interessados em produzir o ventilador. A Poli será a responsável pelo projeto, mas não pela fabricação, que deve ser feita por empresas com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
As informações são da Poli-USP e Jornal da USP.